Alguém já o levou a pensar que sofrimento e alegria não podem coexistir, que você nunca poderia ser verdadeiramente feliz enquanto passasse por algo difícil?
Talvez ninguém tenha dito isso a você, mas a vida inteira lhe ensinou que todos sofrem, que alguns poucos privilegiados às vezes são felizes — mas que ninguém poderia ser feliz em meio ao sofrimento. Como isso poderia ser possível? Câncer e alegria? Traição e alegria? Morte e alegria? Na sua imaginação, seria como dizer que alguém pode nadar até o Monte Everest ou caminhar pelo Oceano Pacífico. Alegria no sofrimento quebra as definições que você desenvolveu para ambas as palavras.
Era assim que eu pensava. Eu pensava que a promessa do cristianismo era sofrimento e depois felicidade — no céu. Negue-se a si mesmo, pegue sua cruz, sofra por enquanto, e então um dia Deus o levará para casa e o fará feliz. Com certeza, Deus fará com que todos aqueles que creem sejam maravilhosamente e infinitamente felizes nos novos céus e na nova terra: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2.9).
Mas para aqueles que conhecem Jesus, a felicidade não é apenas uma esperança futura; é uma realidade presente e permanente — mesmo no sofrimento.
Conte tudo com alegriaNossa declaração de missão na Desiring God diz que existimos “para mover as pessoas a viverem para a glória de Deus, ajudando-as a se satisfazerem em Deus acima de tudo, especialmente em seu sofrimento…” A profunda possibilidade de alegria no sofrimento tem suas raízes em todo o testemunho inspirado por Deus nas Escrituras.
O apóstolo Paulo, por exemplo, foi preso repetidas vezes, açoitado com varas, caluniado por seus inimigos, açoitado com chicotadas cinco vezes, apedrejado quase até a morte, muitas vezes privado de comida, água, abrigo e sono — “em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos” (2 Coríntios 11.26) — e, no entanto, ele podia ser encontrado sempre se alegrando (2 Coríntios 6.10). O pricipal dos prisioneiros podia escrever da solidão, injustiça e angústia de sua cela: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos” (Filipenses 4.4).
E o pricipal dos prisioneiros não é o único. O Rei Davi escreveu em meio às dores da traição, enquanto era caluniado e caçado: “Tu puseste mais alegria no meu coração do que aqueles que têm fartura de trigo e vinho” (Salmo 4.7). O apóstolo Tiago havia encontrado o mesmo tesouro: “Meus irmãos, tende por motivo de grande quando” — quando o quê? — “enfrentardes diversas provações” (Tiago 1.2). Alegrem-se não depois, mas em, durante, através das provações. E, é claro, o Principal dos Sofredores, Jesus, liderou a todos quando suportou a pior e mais dolorosa escuridão imaginável “pela alegria que lhe estava proposta” (Hebreus 12.2).
O que significa ser abençoadoNosso objetivo de ajudar os que sofrem a permanecerem satisfeitos em Deus está enraizado nas Escrituras, mas também está enraizado no testemunho divino de verdadeiros santos sofredores.
Você provavelmente conhece alguns cristãos que não têm o direito de ser tão felizes quanto eles. Essas pessoas passaram por mais dor do que a maioria, e ainda assim com mais alegria do que a maioria. Elas experimentaram a bondade de Deus no vale como nunca a experimentaram na montanha — e sua alegria brilha mais forte do que nunca naquela escuridão. Deus recebe ainda mais glória porque tudo está bem com elas quando nada está bem com elas.
Eu poderia citar vários desses alienígenas encantadores e lindos — pessoas das quais este mundo não é digno —, mas citarei apenas um. Vaneetha sofreu inúmeras cirurgias na infância, um divórcio indesejado, a perda repentina de um filho e agora uma condição debilitante que causa dor crônica e limita severamente seus movimentos. E, no entanto, ela pode ser a alma mais feliz que já conheci.
Como isso pode ser? Como ela pode ser? Ela nos conta como:
As Escrituras mostram que bênção é tudo o que Deus nos dá para nos satisfazer plenamente nele. Tudo o que nos aproxima de Jesus. Tudo o que nos ajuda a renunciar ao temporal e a nos apegarmos mais firmemente ao eterno. E muitas vezes são as lutas e as provações, as dolorosas decepções e os anseios não realizados que melhor nos capacitam a fazer isso.
Vaneetha é a prova viva, pulsante e cantante de que a verdadeira alegria é a força mais forte e duradoura do universo. O hedonismo cristão nos impele à busca desavergonhada do prazer em Deus para a glória de Deus. Acreditamos que Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele. Não abrimos mão da felicidade quando nos tornamos cristãos e não evitamos as provações. Não, a busca pela verdadeira felicidade começa quando seguimos Jesus e nunca, jamais acaba, nem mesmo no sofrimento.
Doloroso e profundamente felizNo outono de 2012, enquanto John Piper se preparava para deixar o cargo de pastor após 33 anos, ele proferiu uma última série de sermões. Pregou dez sermões ao longo de quatro meses, focando nas dez verdades definidoras que queria deixar para a igreja que tanto amava. O último foi intencional e memorável (eu estava no banco naquela manhã): “Tristes, mas sempre alegres”, sobre 2 Coríntios 5.20–6.13 . Ele disse:
O que o mundo precisa da igreja é da nossa alegria indomável em Jesus em meio ao sofrimento e à tristeza.
E esta nota está lá desde o início. No livro ” Desiring God” (Em português “Em busca de Deus”, Edições Vida Nova), o Pastor John dedica um capítulo inteiro ao “Sofrimento: O Sacrifício do Hedonismo Cristão”. Ele escreve:
O caminho do Calvário com Jesus não é um caminho sem alegria. É doloroso, mas profundamente feliz. Quando escolhemos os prazeres fugazes do conforto e da segurança em detrimento dos sacrifícios e sofrimentos das missões, da evangelização, do ministério e do amor, escolhemos contra a alegria. (…) Na busca da alegria através do sofrimento, magnificamos o valor totalmente satisfatório da Fonte da nossa alegria. O próprio Deus brilha como o fulgor no fim do nosso túnel de dor. (287–88)
Nos próximos dias e semanas, publicaremos oito artigos sob o tema “Satisfação em Deus em meio ao sofrimento”. Queremos que você veja, por meio das Escrituras, que a alegria que Jesus traz é forte o suficiente para as provações que você enfrenta. E queremos que você veja que o que o mundo precisa da igreja é a nossa alegria indomável em Jesus em meio ao sofrimento e à tristeza.