Governo e Congresso concordam que enfrentam pior momento da relação
Quarta-feira, 02 de Julho de 2025    13h24

Governo e Congresso concordam que enfrentam pior momento da relação

Percepção entre deputados é de que governo terá dificuldade para aprovar agenda no segundo semestre; articulação política enfrenta desgaste, e antecipação do debate eleitoral acirra clima no Congresso.

Fonte: Gerson Camarotti/G1 e GloboNews — Brasília
Foto: G1

 

A nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), acendeu o sinal de alerta no Palácio do Planalto.

Segundo o levantamento feito com mais de 200 deputados federais, 57% dos parlamentares avaliam que o governo Lula tem baixas chances de aprovar sua agenda no segundo semestre.

A inversão de expectativa, na comparação com o mesmo período de 2023, reflete o crescente desgaste na relação entre Executivo e Legislativo.

Na percepção do governo, esse é o ponto de maior alerta na pesquisa, pois as baixas chances de aprovação da agenda demonstram claramente como deteriorou o ambiente no Congresso.

Ambiente deteriorado

Fontes do governo ouvidas pelo blog reconhecem que a relação entre Planalto e Congresso vive seu pior momento desde o início do terceiro mandato de Lula.

A avaliação é que o ambiente para negociação de pautas se deteriorou nas últimas semanas — processo que já era visível antes mesmo das recentes crises envolvendo derrotas legislativas e tensões institucionais.

A pesquisa foi iniciada em maio, portanto a percepção negativa dos deputados antecede os episódios mais recentes de embate político.

A tendência, segundo fontes da articulação, é de agravamento desse quadro no segundo semestre.

Pontos fora da curva

Mesmo com a aprovação no Senado nesta terça-feira (1º) do projeto que destina recursos do pré-sal para habitação popular, integrantes do governo tratam a votação como "ponto fora da curva".

Isso porque o texto também contempla interesses específicos do Congresso, como a permissão para novos leilões de exploração de petróleo — o que pode elevar a arrecadação e, consequentemente, liberar mais recursos para emendas parlamentares.

Na prática, a governabilidade dependerá cada vez mais da capacidade de conciliar interesses do Executivo com pautas que gerem dividendos políticos aos parlamentares, especialmente de olho nas eleições de 2026.

Preocupações com o calendário eleitoral

Além do desafio legislativo, o governo avalia que o debate eleitoral foi antecipado.

A derrota imposta ao Planalto na semana passada em votação no Congresso sobre o decreto do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) acirrou os ânimos.

E a decisão do governo de acionar o Supremo Tribunal Federal para contestar a constitucionalidade do decreto, que motivou o embate, é vista como parte de uma estratégia política para emparedar o Legislativo.

A leitura no Planalto é de que projetos com potencial de gerar ganhos eleitorais para Lula terão maior resistência no Congresso, sobretudo os que envolvam políticas sociais ou obras estruturantes.

CPMI do INSS amplia desgaste

A instalação pelo Congresso da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos indevidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a CPMI do INSS, também deve contribuir para o clima de tensão.

A expectativa é que a comissão tenha forte presença de parlamentares da oposição, o que pode gerar mais desgastes políticos ao governo ao longo do segundo semestre.

Quadro de isolamento

O cenário atual reforça a percepção de que o governo entra na segunda metade de 2025 mais isolado no Congresso, com menor margem de negociação e maior risco de novas derrotas legislativas.

Nos bastidores, assessores admitem que o Planalto terá dificuldades para avançar com propostas estratégicas sem oferecer contrapartidas políticas ou orçamentárias ao Centrão.

A governabilidade de Lula, portanto, dependerá cada vez mais de arranjos pragmáticos e da capacidade de neutralizar o impacto de um Legislativo mobilizado por agendas próprias e pelo calendário eleitoral já em movimento.

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