Nos últimos anos, passamos a vilinizar os carboidratos, especialmente pelos programas de emagrecimento, que se pregam pouco carboidrato.
Além disso, com a preocupação em relação à saúde intestinal, também se passou a entender a necessidade de restrição ou redução desse macro nutriente.
Na verdade, o que aconteceu é que ´passamos nas últimas décadas a consumir carboidratos refinados, industrializados, que se mostraram os maiores culpados da obesidade e doenças degenerativas, causados por alimentarem bactérias ruins no intestino.
Entretanto, essa simplificação excessiva, ignora os carboidratos complexos, como elemento importante na saúde do ecossistema intestinal.
Quando me refiro a carboidrato bom, e que tem o momento certo de ser introduzido na dieta, são os ingredientes reais, como batatas, arroz branco, frutas e pães de fermentação natural.
Ações dos carboidratos na melhoria do intestino
– Protege a mucosa intestinal criando uma barreira no endotélio contra o estresse. Com isso, o processo de digestão e absorção se mantém em equilíbrio.
– Produz muco protetor no intestino, que lubrifica, hidrata e promove um ambiente adequado para as bactérias boas.
Ativa o transito intestinal
– Como o carboidrato tem efeito positivo na tireoide, isso influencia diretamente a digestão e transito intestinal, garantindo um esvaziamento gástrico mais rápido.
Assim previne crescimento de bactérias no intestino (SIBO), pois evita estagnação o que gera crescimento excessivo de bactérias, fermentação, gases e intolerância a alimentos.
Mantém o equilíbrio da microbiota
Para manter uma microbiota ideal, esta deve ser predominantemente de bactérias anaeróbicas que degradam fibras não aproveitadas, com isso reduzindo o nível dos organismos desfavoráveis.
São essas bactérias anaeróbicas que ajudam a manter o equilíbrio bacteriano do colon, pois produzem a oxidação dos ácidos graxos de cadeia curta, que provem da degradação das fibras no intestino.
Já as bactérias que sobrevivem com oxigênio, interferem na boa nutrição e produzem endotoxinas, altamente desfavoráveis.
Mudanças de conceitos
Nos dias atuais, se condenam muito carboidratos, sendo sugerido na maioria das vezes, dieta de pouco carboidrato ou dieta carnívora.
Nessas dietas tem se mostrado o estímulo de desenvolvimento de um perfil patogênico e pro-inflamatório da microbiota. Além disso, aumenta produção de amônia, fenol, sulfito de hidrogênio, todos inflamatórios para a mucosa.
Porém estudos recente, tem mostrado que reduzir a ingesta de carboidratos pode reduzir a concentração de ácidos graxos de cadeia curta, que influenciam boas bactérias.
No início, as dietas low carb podem trazer alívios, mas nos casos de longa duração, cortando carboidratos, são como band-aid, ou seja, na realidade, causam redução de metabolismo, o que leva a problemas no intestino.
Haverá aumento de hormônio do estresse, reduzindo a atividade do hormônio tireoidiano T3, aumento do bloqueio do T3 reverso e redução de taxa metabólica e produção de energia.
Tudo que influencia negativamente a saúde digestiva com o passar do tempo.
Evitar dietas restritivas extremas
Essas abordagens de restrições extremas podem promover ao intestino alivio temporário, mas a situação vai retornar porque não se atingiu a razão inicial do desequilíbrio, que é a redução da taxa metabólica.
E mais que isso, não se ganha nunca a guerra contra as bactérias, tentando fazê-las morrer de fome. As bactérias se multiplicam a cada 12 horas e portanto, quando se promove essa situação, na verdade aumentam o número de bactérias que são imunes a carência alimentar.
Essa é a evolução natural, que sempre vence.
Portanto a solução é:
– Aumentar a taxa metabólica, o que envolve carboidrato na dieta, e que melhora a mobilidade intestinal.
– Remova alimentos irritantes para o seu intestino
– Elimine temporariamente alimento alergênicos
– Forneça energia adequada e nutrientes
– Permita a auto reparação natural do seu intestino
Qual é o melhor carboidrato no seu caso ?
– Deve-se identificar os alimentos que podem ser mais facilmente digeríveis e que portanto, causam menos desconforto
– Nem todo carboidrato age igual para as pessoas
– Alguns alimentos podem não ser bons para você no começo, mas com o passar do tempo pode mudar
– Essa mudança ocorrerá pela melhora da saúde intestinal e tireoidiana
– Procure consumir alimentos que você se sente bem, mas não restrinja excessivamente os carboidratos, pois podem impactar negativamente a sua tireoide
Recuperação da saúde intestinal
A regeneração da saúde intestinal é rápida, sendo que a mucosa tem evoluções a cada 3 dias e a flora intestinal pode mudar de um dia para o outro, dependendo das escolhas alimentares.
Quando aumenta o carboidrato na dieta, faça de modo lento e procure usar fontes integrais.
Observe as suas respostas individuais, evitando desconforto digestivo, e tente manter determinação nessa avaliação.
Veja agora os melhores carboidratos para o seu intestino
Nem todo carboidrato vai funcionar para todos.
Observe e valorize as respostas individuais, pois tudo depende do estado do seu microbioma. É ele que vai determinar isso.
Portanto, foque na fonte de carboidratos que funciona bem para você !
Conclusão
Carboidrato tem papel importante na manutenção de saúde intestinal, agindo de diversos modos:
– Protege a barreira intestinal
– Influencia a função tireoidiana
– Alimenta bactérias boas
– Melhora digestão e motilidade intestinal
O segredo é achar os tipos certos e dosagem dos carboidratos que ingere, e que lhe tragam ótima saúde intestinal e bem estar geral.