No Brasil há golpistas de todos os tamanhos e estilos
Sexta-feira, 06 de Dezembro de 2024    07h50

No Brasil há golpistas de todos os tamanhos e estilos

Bolsonaro convocou um 171 clássico para agir em parceria com os militares aloprados

Fonte: Alvaro Costa e Silva
Foto: Evaristo Sá - 22.nov.22/AFP
Ao lado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o engenheiro Carlos Rocha fala sobre urnas eletrônicas após a vitória de Lula na eleição de 2022

 

A tese segundo a qual o Brasil é o país do golpe (e não o do jeitinho, que era uma noção romântica de nós mesmos) cada dia ganha mais evidência. O golpismo representa uma força de trabalho impressionante, brava gente brasileira escolada na arte de falar javanês e na ciência de transformar ossos em ouro.

Ninguém escapa de ser enganado. Tido como gênio do mercado financeiro e ostentando nas redes para atrair incautos, o ex-soldado da PM Djair de Araújo embolsou R$ 30 milhões de seus colegas de farda. Até os temidos "caveiras" do Bope dançaram. Com a promessa de pagar dividendos que alcançariam 5% do valor investido, policiais venderam imóveis e contraíram empréstimos para despejar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil nas contas de uma empresa fajuta. Era um esquema de pirâmide, que ruiu.

Na galeria dos trapaceiros, o "faraó dos bitcoins" ainda ocupa o lugar de maior destaque. Em parceria com mercadores da fé, movimentou R$ 38 bilhões, ludibriando 90 mil pessoas. Mas não param de surgir novas majestades. O casal Yuri de Abreu e Fabiula Freire, conhecidos como "rei e rainha da creatina", é investigado por fraude fiscal, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. A fábrica terceirizada deles não tinha licença para fazer suplementos alimentares. Um cliente disse ter encontrado larva em um pote de creatina; outro, fios de teia de aranha.

Mão de obra tão especializada não poderia ficar de fora do big golpe. Apoiado por parte da elite militar inconformada com a democracia e sedenta por pensões vitalícias e outras mamatas, Bolsonaro também teve a ajuda do 171 clássico, que age por vocação e método.

O engenheiro Carlos Rocha recebeu R$ 1 milhão do PL para elaborar um relatório que, sem provas, apontou indícios de fraude na eleição de 2022. Rocha fez o documento tendo consciência de que não havia irregularidades nas urnas eletrônicas.

O governo Bolsonaro pagou duas viagens de urgência para o engenheiro. O dinheiro –R$ 7.700– foi usado para que ele fosse a Brasília encontrar-se com o ex-ministro Marcos Pontes, aquele dos travesseiros da Nasa. A TrambiqueBras é o farol do empreendedorismo nacional.

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