Para entender isso é necessário compreender a importância da mitocôndria, que precisa de combustível e oxigênio.
Esse suporte precisa ser de forma cíclica ou intermitente. Se for alimentada continuamente, será um desastre.
Ao fazer jejum intermitente, deve-se entender a estratégia correta para iniciar.
Veja o que o Dr. Arkadi Prokopov, um russo especialista em mitocôndria comenta:
“O que vejo, e muitas pesquisas e experiências no campo clínico [mostram], é que no estado de jejum, quando seu metabolismo de cetonas é muito maior, a produção de energia mitocondrial é mais otimizada quando temos uma população mitocondrial saudável.
Mas quando a população mitocondrial é uma mistura de mitocôndrias mutantes e saudáveis, [o jejum] pode causar problemas. Muitas pessoas não conseguem começar o jejum, não conseguem começar o jejum intermitente ou fazer uma dieta cetogênica, porque têm, digamos, 50% de mitocôndrias disfuncionais.
Assim que reparamos as mitocôndrias com jejum intermitente gradualmente introduzido, cetonas gradualmente introduzidas e, paralelamente, vemos uma melhora imensa do metabolismo energético, vemos uma melhora da produção de OXPHOS e ATP e, o mais interessante, muito mais econômica [produção de energia].
Então, as mitocôndrias em um estado ocioso consomem muito menos oxigênio. Por outro lado, elas são muito mais eficientes. Então, estamos melhorando a qualidade das mitocôndrias… A maioria dos pacientes [com disfunções mitocondriais] apresenta produção de energia mitocondrial muito baixa.”
À partir do momento que a sua mitocôndria é suficientemente saudável para lidar com a correta função de mitocôndria, a sua janela alimentar pode ser estendida para 8 horas, o que significa que o jejum deva ser de 16 h.
Conforme a sua flexibilidade metabólica melhora, você se sente mais confortável com esse período.
Entendendo os erros de interpretação
Eu segui muito os princípios de que o jejum intermitente eram a solução, porém ficavam algumas dúvidas, em especial comigo mesmo, pois percebia um resultado desanimador.
Na verdade, quando descobri que aquilo era exatamente o que observava sem entender bem o porquê, ficou claro.
Na verdade, quando você não tem a quantidade de glicose para combustível da mitocôndria, e você está depletando o glicogênio dos músculos e cérebros, o hormônio do estresse, adrenalina e cortisol, são liberados para ativar a produção de glicogênio.
Nas situações que mantemos ativado a liberação desses hormônios de estresse para compensar a insuficiência de glicose, criamos uma condição patológica que acelera o aparecimento de doenças e morte prematura.
Veja nos exemplos, o cortisol que drena aminoácidos, proteínas dos seus tecidos, espoliando massa muscular e densidade óssea.
Então como podemos conciliar os programas de jejum intermitente, produção de cetonas e ativação do metabolismo mitocondrial ?
Veja o que o Dr. Prokopov diz:
“Esta é uma questão muito importante. Primeiro de tudo, a gliconeogênese é um mecanismo biológico evolutivo extremamente importante. Se pegarmos, digamos, um herbívoro, uma vaca ou um veado, e medirmos seu nível de glicose, será cerca de 100. Se pegarmos um gato ou um leão, e medirmos seu nível de glicose, também será cerca de 100. Por quê? Eles não comem carboidratos.
[A resposta é] eles obtêm glicose da gliconeogênese. E a glicogênese consome aminoácidos. Um fígado normal produz cerca de 180 gramas de glicose por dia. Mas você deve ser saudável o suficiente. Você deve ser metabolicamente flexível. Você deve ter boas mitocôndrias, então elas funcionam melhor.
Nossos eritrócitos, glóbulos vermelhos, sobrevivem exclusivamente de glicose. Isso é verdade. Mas, hormônios do estresse, quando são liberados continuamente, é uma catástrofe.
Atletas de resistência, se estiverem estressados demais, eles se machucam e a potência aeróbica será reduzida. Mas com treinamento adequadamente organizado, eles têm períodos de recuperação quando repõem todos os hormônios exauridos. Então, é a combinação [indução intermitente] de estresse e relaxamento, estresse e relaxamento [que traz benefícios]. Qualquer estresse contínuo esgota os hormônios, esgota os hormônios esteroides e induz estresse oxidativo.”
Portanto, se conseguimos manter estoque suficiente de glicogênio, aí sim conseguimos fazer o jejum de 16 horas, sem ativar os hormônios de estresse, como o cortisol, glucagon e adrenalina.
Quando se faz jejum mais prolongado de 1 a 3 dias, o estoque de glicogênio esgota e então os hormônios do estresse se elevam para evitar hipoglicemia importante que pode levar ao coma.
A preocupação maior, é com as pessoas que apresentam cirrose hepática não alcoólica, pois nestes casos, haverá comprometimento da habilidade do organismo de produzir glicose a partir da gliconeogenese.