Após alta de mortes, governo suspende boletim sobre óbitos na Terra Yanomami
Sexta-feira, 26 de Julho de 2024    12h13

Após alta de mortes, governo suspende boletim sobre óbitos na Terra Yanomami

Apagão de dados começou no início do ano, 12 meses após o início da operação e com a divulgação de imagens que mostravam que o cenário na TI ainda era de mortes, fome e invasão do garimpo.

Fonte: Poliana Casemiro/G1
Foto: G1

 

Desde a repercussão sobre o aumento de mortes no território Yanomami, o governo federal suspendeu os informativos que traziam esses dados.

O último boletim é de dezembro, com uma atualização de fevereiro deste ano, mas que só traz o balanço das mortes de 2023. No ano de 2024, há um apagão de dados.

📈 Segundo os dados, 363 indígenas morreram no território no ano passado. Esse número representa um aumento de 6% em relação a 2022, quando foram registradas 343 mortes na terra indígena.

Em janeiro, o g1 revelou que, um ano após o anúncio da operação do governo federal na região, o cenário na TI continuava desolador, com aumento no número de mortes, casos de malária e desnutrição. Tudo isso sob a pressão do garimpo ilegal, que ainda explorava o território.

Na época, o governo federal organizou uma operação, incluindo a visita de ministros, e prometeu uma ação permanente no território.

Depois disso, em fevereiro, deixou de publicar os boletins que traziam dados sobre mortes e doenças no território Yanomami. A última atualização é de fevereiro, mas atualizando dados de 2023.

O Ministério da Saúde não respondeu quando o motivo da suspensão ou quando deve divulgar os dados, mas disse que isso será feito.

"O Ministério da Saúde divulgará em breve um balanço com dados atualizados sobre o povo Yanomami. Para garantir a precisão, os números passam por revisão das áreas técnicas das secretarias de Saúde Indígena (Sesai) e de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA)", informou em nota.

Em janeiro, a Justiça determinou, a pedido do MPF, que o governo estabelecesse um novo plano de ação para a proteção dos Yanomami. A reportagem também procurou o Ministério Público Federal (MPF) que vinha cobrando o governo federal sobre ações na TI, mas aguardava retorno até a publicação.

Imagens mostram efeito do garimpo sobre o rio Uraricoera na Terra Indígena Yanomami — Foto: Laboratório de Inteligência Geográfica em Ambiente e Saúde (LIGAS), da Universidade Veiga de Almeida.

Garimpo ilegal

O garimpo ilegal é uma ameaça aos Yanomami. A mineração que avança no território polui rios, espalha violência e faz pressão por território.

A promessa do governo federal era de que, em todo o ano de 2023, as forças de segurança expulsariam os mineradores e impediria o avanço da atividade ilegal.

Apesar disso, um levantamento do Greenpeace mostra que nos seis primeiros meses deste ano, o garimpo cresceu 6% no território. Entre janeiro e junho, o território teve 169,6 hectares destruídos pelo garimpo, o equivalente a 170 campos de futebol.
A Terra Indígena Yanomami

👉 Demarcada há mais de 30 anos, a Terra Yanomami tem quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima e o Amazonas, na fronteira com a Venezuela.

Segundo estimativas, o território abriga ao menos 31 mil indígenas, que vivem em mais de 370 comunidades. O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não-indígena. Na região, há também indígenas isolados, sem contato ou influência externa. É o exemplo dos Moxihatetëma, que estão cercados pelo garimpo ilegal.

Conheça a Terra Yanomami — Foto: Arte/g1

 

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