Petrobrás tem lucro de R$ 59,9 bilhões no 4º trimestre de 2020
Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2021    21h34

Petrobrás tem lucro de R$ 59,9 bilhões no 4º trimestre de 2020

Com o resultado, divulgado na noite desta quarta-feira, 24, a estatal fechou 2020 no azul, com lucro líquido de R$ 7,11 bilhões

Fonte: Redação
Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Petrobrás divulga balanço em meio à crise instaurada após a intervenção de Bolsonaro na estatal

 

Antes da crise causada pelas críticas sucessivas do presidente Jair Bolsonaro à sua política de preços de combustíveis, a Petrobrás registrou lucro líquido de R$ 59,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado, salto de 635% ante igual período de 2019, muito acima do esperado por analistas e o maior para um trimestre na história da companhia. Com o resultado, divulgado na noite desta quarta-feira, 24, a estatal fechou 2020 no azul, com lucro líquido de R$ 7,11 bilhões. 

Com o resultado de hoje, a petroleira conseguiu reverteu o prejuízo dos três primeiros trimestres do ano, apagando as perdas causadas pela covid-19, que parou a economia e, no início da pandemia, derrubou a demanda por petróleo e seus derivados.

Foi o último balanço financeiro da gestão de Roberto Castello Branco. Após as críticas de Bolsonaro, iniciadas na semana passada, o governo federal indicou o general da reserva Joaquim Silva e Luna para substituir o executivo no comando da Petrobrás. Ele não comentou a saída.

Também criticado por Bolsonaro por adotar o “home office” durante a pandemia, Castello Branco aproveitou o balanço da empresa para prestar solidariedade às vítimas da covid-19. “Gostaria de expressar nossa solidariedade a todos aqueles que sofreram as terríveis dores causadas pela pandemia e elogiar os médicos e cientistas que foram verdadeiros heróis na batalha pela preservação das vidas humanas”, escreveu o executivo.

As projeções de cinco equipes de análise do mercado financeiro consultados pelo Estadão/Broadcast apontavam para uma média de R$ 11,4 bilhões de lucro no quarto trimestre. O resultado muito melhor do que o esperado no último trimestre de 2020 poderá servir para o executivo defender sua gestão, marcada pelo ajuste financeiro por meio da venda de ativos, redução da dívida e foco na produção do pré-sal.

No quarto trimestre, o lucro foi puxado, principalmente, por reversões de baixas contábeis, que foram feitas por causa da crise causada pela covid-19, mas puderam ser desfeitas na esteira da retomada da economia mundial. A receita líquida cresceu 6% ante o terceiro trimestre, por causa da alta nas cotações do barril de petróleo, “aliada à maior demanda por geração termelétrica, que levou ao aumento das vendas de energia elétrica, gás natural e óleo combustível”, diz o relatório divulgado pela Petrobrás. 

Só que as reversões de baixas contábeis pesaram mais, somando R$ 31 bilhões no quarto trimestre. Pelas normas de contabilidade seguidas pelas companhias abertas, as empresas devem, periodicamente, ajustar o valor de seus ativos, no balanço financeiro, conforme diversos parâmetros. Quando essas contas apontam para redução no valor dos ativos, é preciso cortar o lucro. Por outro lado, quando apontam alta nos valores, o lucro cresce.

A crise causada pela covid-19 levou várias companhias mundo afora a registrarem baixas contábeis. As feitas pela Petrobrás nos primeiros meses da pandemia usaram entre os parâmetros projeções de que as cotações do petróleo ficariam na casa dos US$ 25 em 2020. Nessas contas, a estatal foi mais conservadora do que suas concorrentes, segundo relatório do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Só que a recuperação da economia global, puxada pela China, impulsionou uma retomada nos preços do barril a partir de maio. O movimento continuou neste início de 2021 – o petróleo tipo “brent”, com entrega para abril, negociado em Londres e usado como referência pela Petrobrás, ficou em torno de US$ 65 nesta semana.

Com o conservadorismo dos cálculos, apenas no primeiro trimestre, a Petrobrás registrou baixas de US$ 13,4 bilhões, por causa de projetos que teriam deixado de ser viáveis com a queda do barril. Foi o principal motivo do prejuízo de R$ 48,5 bilhões nos três primeiros meses do ano, início da pandemia. Já no terceiro trimestre de 2020, com a recuperação das cotações do petróleo, a companhia começou a reverter as baixas, acelerando o ritmo de reversões no quarto trimestre.

Fernanda Nunes, Denise Luna e Vinicius Neder/Estadão

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