Incêndios na Amazônia ameaçam espécies como o leopardo e o peixe-boi
Sábado, 24 de Agosto de 2019    06h56

Incêndios na Amazônia ameaçam espécies como o leopardo e o peixe-boi

Espécies ameaçadas enfrentam 'desequilíbrio ambiental, caça e pesca predatórias, poluição do solo, além de perda ou fragmentação de seus hábitats', diz especialista

Fonte: Estadão

A propagação de fortes incêndios que se estendem pela Amazônia podem acelerar a destruição de espécies da fauna e da flora já ameaçadas, como uma espécie de leopardo chamado gato-maracajá e um peixe-boi, mamífero aquático de grande porte. 

"Dependendo do grau do incêndio, pode haver uma extinção local de algumas espécies, porque as que conseguem sobreviver não voltarão ali e buscarão outros hábitats", afirma o biólogo e veterinário Rubens Pascual. 

Para o especialista, outro problema é que não existem nas zonas dos incêndios amazônicos centros de atenção especializados em veterinária de emergência, "que podiam salvar muitos dos animais que estão feridos e morrem por falta de atenção". Segundo ele, "estamos falando de regiões remotas até para ajudar aos seres humanos". 

Pascual lembrou que mamíferos, peixes, répteis e anfíbios que habitam a Amazônia já estavam ameaçados pelos estragos do homem com  o desmate, caça ilegal e mineração.

A professora universitária e bióloga Juliana Diana mostrou em um estudo recente que as espécies ameaçadas enfrentam "desequilíbrio ambiental, caça e pesca predatórias, poluição do solo, além de perda ou fragmentação de seus hábitats", afirma. 

A Floresta Amazônia, diz ela, tem uma função ambiental muito importante e o aumento de animais que compõem a lista de espécies em perigo de extinção vem aumentando a cada ano, o que tem criado grande impacto para a fauna brasileira", acrescenta. 

Juliana elaborou uma lista dos animais mais propensos à extinção. O leopardo conhecido como gato-maracajá encabeça a lista e seu nome também aparece no Livro Vermelho da Fauna Brasileira do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente

O peixe-boi, que cumpre a função de agente controlador natural da vegetação, e a lontra gigante são outras espécies afetadas pelos incêndios. Entre as aves, se destacam por sua vulnerabilidade a arara amarela e o gavião real.

Outros felinos, como o jaguar e o puma, que habitam o Pantanal, também correm o mesmo perigo. Os primatas tampouco escapa da ameaça de extinção acelerada pelo fogo, como o macaco-aranha e o macaco de unhas.  O urso formigueiro, o pássaro jacú e os golfinhos cinza e rosa também podem sentir as consequências das chamas. 

A flora, aponta Juliana, é diretamente afetada pelas queimadas em uma região com cerca de 20 mil espécies vegetais nativas. O pau-rosa, por exemplo, está na Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente e está em quase todas as regiões onde há focos de incêndio. 

Outras plantas na zonas de incidência do fogo são o mogno, o cravo-do-Maranhão, a castanheira, a flor de Carajás, entre outros. Segundo a especialista, a expansão de alguns centros urbanos e a construção de hidrelétricas na Amazônia já vêm contribuindo, nos últimos anos, para a destruição da fauna e da flora local. /AGÊNCIA EFE 

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